Thursday, June 6, 2013

Um céu demasiado azul, Francisco José Viegas

Um céu demasiado azul, Francisco José Viegas


Um homem é encontrado morto no porto-bagagens do seu próprio carro. A intriga do crime está posta; entram en cena o inspector Jaime Ramos, da Polícia Judiciária do Porto, e Filipe Castanheira, o seu amigo polícia nos Açores, em Ponta Delgada, que vai o ajudar.

E isso antes de ficarmos rígidos, cheios de manchas arroxeadas, sangue coagulado, um cadáver visto da cabeça aos pés, a distância a que o tiro foi disparado, a direcção do disparo, fragmentos de pele, rasgões nos tecidos, as vísceras em formol, os seus extractos mínimos em lâminas observadas ao microscópio, o corpo aberto, o corpo sem corpo, o corpo que volta a ser cosido, lavado, rectificado, vestido como se fosse a um baptizado. Mas o que resta dele são apenas estes momentos, fórmulas guardadasnum papel, exame de dactiloscopia, de roupa, de estretura dentária, cicatrizes, DNA nos ossos que já não são ossos mas formações ósseas, frases de peritos, um bisturi apontado para um cadáver, um bisturi que aponta para o único corpo onde se grava o segredo de uma morte e de uma vida, e paz, paz profunda, paz de objectos recolhidos que não têm senão um aparente sentido, uma aparente verdade.
Um céu demasiado azul (edições ASA, 1995, 301 páginas), escrito em 1995 por (Pocinho, 1962).

1 comment:

  1. Finalmente uma referência à data de edição do romance, a original. Obrigado! E parabéns pelo blogue!

    ReplyDelete