Lagartos que riem e revelam os medos íntimos das pessoas, feiticeiros supostos que andam de avião, velhote mudo num hotel abandonado há mais de quinze anos… Os contos das Fronteiras perdidas falam do outro lado da realidade, onde as palavras descrevem situações estranhas, irracionais, onde tudo é possível, onde a primeira pessoa do autor nos convém para testemunhar que o mundo ainda pode nos ofrecer sorpresas e magia.
Mas por isso devemos abrir os olhos e atravessar certas fronteiras que se cruzam numa direção só. Depois disso, não há mais lugar de origem.
O rapazinho encostou uma pistola à nuca do ascensorista e ordenou-lhe num fio de voz (estava em pânico), que levasse a máquina até Havana, Cuba. Por uma dessas incríveis coincidências do destino o ascensorista era um velho exilado cubano.Fronteiras perdidas (publicações Dom Quixote, 1999, 118 páginas), por José Eduardo Agualusa, escritor angolano nascido em Huambo em Dezembro de 1960, recebeu o Grande Prémio de Conto Camilo Castelo Branco da Associação Portuguesa de Escritores em 1999.
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