Cadenciado pelas fase da lua, da lua nova ao quarto crescente, da lua cheia ao quarto minguante, o Lunário de Al Berto nos conta a vida de Beno, do vira-lata que era sem eira nem beira, viajando de cidade à cidade sem outro objetivo que se esquecer de si próprio e do seu passado.
Quando encontrou Lúcio e Gazel que gostam se foder em camas doutros, quando não havia ninguém na casa, senão a testemunha da brincadeira deles.
Quando encontrou Nému, o rapaz louro sem nome que leventou um fogo dentro dele e com quem ia compartilhar a vida.
E a Alba, a dançar nos museus, e o filho deles, o Silko.
E o Kid, maquilhado com exagero, os olhos e os lábios pintados de negro.
E a Zohía que entrou no mundo da demência, nua e suja de sangue.
E o Alaíno que não a pôde trazer de volta.
E os bares, as noites de bebedeira, a coca e os ácidos, as conversações até as primeiras luzes do dia, as viagens de comboio até o mar e as dunas.
Uma epopeia moderna, cheia de encontros, de paixão, de amizades e de amores. E de tragédias também.
A «moral» era uma treta que não lhe dizia respeito. Era-lhe alheia, pura e simplesmente alheia. O que sempre o fascinara e seduzira era o amor, a amizade e a paixão que cada ser pode dar como um dom, e receber como uma dádiva. Sobretudo, era a qualidade intemporal dos sentimentos e dos prazeres que o atraíam, e isto, nada tinha certamente a ver com este ou aquele sexo.Lunário (edição Contexto, 1988, 135 páginas) foi escrito por Al Berto, o pseudónimo de Alberto Raposo Pidwell Tavares (Coimbra, Janeiro de 1948, Lisboa, Junho de 1997). Ele foi poeta, pintor, editor e animador cultural português.
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