O autor moçambicano Mia Couto é um amante das palavras. No seus contos, há sempre trocadilhos e palavras-valises que dão uma dimensão particular à geografia (o paralém da montanha, esta região desconhecida), às emoções das personagens, às ações delas (me irrealizava, respirareava), ou neologismos poéticos (a omniausência). Cada jogo de palavra tem sempre um sabor especial, uma surpresa inédita (Benjamin estava pálido, mais transtornado que retornado).
Também se podem descobrir palavras bantas (xipefo, capulana, xicuembo), mesmo aportuguesadas (de fato mesungueiro, vindo de mesungo, homem branco), até com história própria que o autor explica em notas (o sacudu, de sac à dos, a mochila francesa, dos guerrilheros treinados na Argélia).
O tema da raça e da colonização também aparece nestes contos. Homens da Pide com poder de vida e morte, colonos portugueses de categoria social inferior (os Xikakas), empregados domésticos… A cada um o seu lugar, a sua raça que transparece na cor da sua pele. E as lendas da África, e os feitiços que resurgem à tona de água, com um perfume misterioso…
Também se podem descobrir palavras bantas (xipefo, capulana, xicuembo), mesmo aportuguesadas (de fato mesungueiro, vindo de mesungo, homem branco), até com história própria que o autor explica em notas (o sacudu, de sac à dos, a mochila francesa, dos guerrilheros treinados na Argélia).
O tema da raça e da colonização também aparece nestes contos. Homens da Pide com poder de vida e morte, colonos portugueses de categoria social inferior (os Xikakas), empregados domésticos… A cada um o seu lugar, a sua raça que transparece na cor da sua pele. E as lendas da África, e os feitiços que resurgem à tona de água, com um perfume misterioso…
Mas no fundo, Constante gostava de saber as novidades. Inquiria sobre as coisas vivas. Os filhos devolviam palavras soltas, pedaços de um retrato rasgado. Depois, o pai insistia: que não fossem muito lá, talvez era um louco perigoso. sobretudo, era um mulato. E se explanava: o misto não é sim, nem não. É um talvez. Branco, se lhe convém. Negro, se lhe interessa. E, depois, como esquecer a vergonha que eles trazem de sua mãe? Chiquinha intercedia: não seriam os todos. Haveria, por certo, os bons tanto como os maus.Cada homem é uma raça (edição Caminho, 181 páginas) foi escrito em 1990 por Mia Couto, nascido em Beira, Moçambique, em 1955.
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