Noel Nutels (Ananyev, 1913 — Rio de Janeiro, 1973) foi um médico dedicado à causa indígena no Brasil. Ele dirigiu o Serviço de Unidades Sanitárias Aéreas após ter sido trabalhado no Instituto Experimental de Agricultura e no Serviço de Proteção ao Índio (a atual Fundação Nacional do Índio). Moacyr Scliar escreveu uma biografia sob a forma de um romance, A majestade do Xingu, em 1997. Nele, o narrador, criança e amigo do Noel durante a travessia do Madeira da Alemanha ao Brasil do inicio dos anos 20, conta ao seu doutor a sua vida, do shtetl da Rússia onde um pogrom era sempre temido, da chegada do Exército Vermelho na aldeia e da decisão do pai de se ir embora.
Mas enquanto Noel Nutels se formava em medicina, ele aprendava a vida de José de Anchieta no colégio público do Bom Retiro, e não se encontraram mais. Durante toda a sua vida, escreveu-lhe cartas, umas imaginárias, outras falsas para poder se reconciliar com o seu filho adolescente rebelde. É uma história de amizade unívoca, a de um lojista e de um doutor sanitárista.
Mas enquanto Noel Nutels se formava em medicina, ele aprendava a vida de José de Anchieta no colégio público do Bom Retiro, e não se encontraram mais. Durante toda a sua vida, escreveu-lhe cartas, umas imaginárias, outras falsas para poder se reconciliar com o seu filho adolescente rebelde. É uma história de amizade unívoca, a de um lojista e de um doutor sanitárista.
Minha vida foi se tornando uma rotina. Ia à loja todos os dias, sábado, inclusive; aos domingos mamãe preparava um almoço especial e depois eu ia ao futebol – era corintiano, mas não fanático. Tinha alguns amigos, gente que, como eu, começara a trabalhar cedo. À vezes saíamos para tomar uma cerveja e aí conversávamos, e falávamos de planos, havia um rapaz, bisneto de cabalista, que pretendia ganhar muito dinheiro estudando os números da Bolsa e decifrando, mediante a cabala, a mensagem neles contida; mas nunca saiu disso, do plano; deu para beber, era despedido de todos os empregos, acabou nacadeia por roubo.A majestade do Xingu (edição Companhia de Bolso, 2009, 208 páginas), escrito em 1997 por Moacyr Scliar (Porto Alegre, 1937 — 2011).
E Noel? Eu não tinha a mínima idéia de onde andava, o que estava fazendo. Só mais tarde, quando se tornou famoso e começaram a escrever sobre ele, pude reconstituir sua trajetória.
No comments:
Post a Comment