Uma aberração pode ter muitas formas, mas para o Bernard Carvalho, é quase sempre uma aberração da personalidade, do comportamento, a palavra aparecendo ao mínimo uma vez por conto para descrever a personagem ou a situação na qual se encontra.
Se alguns contos podem-se chamar de ficção científica, como O arquiteto ou Uma civilização, outras falam mesmo da vida, das relações entre as pessoas, dos secretos escondidos com o tempo que voltam à tona.
Quando Daniel pisou na ilha e sentiu que a ilha o observava de longe, por trás das colinas e das casas do porto, decidido a seguir morro acima em direção ao outro lado e ao observatório, o astrônomo já sabia que o filho tinha chegado, porque foi avisado quando o rapaz pediu a permissão às autoridades. Associou a presença do filho a um roubo. Estava ali esperando os sinais e o filho só podia ter vindo para isso, para privá-lo não só dos sinais mas da glória e do nome do dia em que os revelasse ao mundo, sozinho, e ainda que não quisesse, tenha tentado afastar esse pensamento, quando recebeu a notícia de que o filho estava a caminho, não pôde evitar a idéia de que tinha vindo para roubá-lo, porque estava nos astros, como tinha previsto a astróloga.Esse livro contem os contos seguintes: A valorização, A alemã, O arquiteto, Paz, O olho no vento, Quites, O astrônomo, A música, Atores, Uma civilização, e Aberração.
Aberração (editora Companhia das Letras, 1993, 172 páginas), escrito por Bernardo Carvalho (Rio de Janeiro, 1960), escritor e jornalista brasileiro.
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